Conheça um pouco da história da educação para surdos

Na Antiguidade e na Idade Média os surdos eram considerados incapazes de serem educados. O filósofo grego Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) considerava que os surdos não eram capazes de raciocinar por “não ter linguagem”. No entanto, na Era Moderna, a partir do trabalho de pessoas como o monge espanhol Pedro Ponce de León (1520 – 1584), esta realidade começou a mudar. León fundou uma escola exclusiva para surdos em Madri, à qual apenas os filhos dos mais ricos tinham acesso. Ele teria também aperfeiçoado um alfabeto manual, utilizado para lecionar as disciplinas. Há quem afirme ainda que ele sistematizou seu alfabeto manual com base nos gestos criados por monges sob voto de silêncio.

Usando o trabalho de León como referência, Juan Pablo Bonet (1573 – 1633), que era um padre igualmente espanhol, foi ainda mais longe na questão da educação para estes grupos. Chegou a publicar em Madri, em 1620, o livro “Redução das Letras e Arte de Ensinar a Falar os Mudos”. Muitos consideram Charles de L’Épée, nascido em 1712, como o criador da linguagem gestual, mas claro que houve diversas contribuições significativas antes dele para essa construção. L’Épée entrou para a história como o fundador do Instituto Nacional de Surdos Mudos de Paris, em 1760.

No começo do século XIX começaram a aparecer na Europa mais e mais ideias voltadas para a educação de pessoas surdas (então ainda chamadas de surdas-mudas). A prática se espalhou por outros lugares, e foram fundadas iniciativas semelhantes em outros países, com profissionais que passaram pelas instituições pioneiras capitaneando estes esforços.

É o caso do professor francês E. Huet, surdo desde os 12 anos de idade. Ele fundou a primeira escola especial para surdos no Brasil, depois de ter apresentado a sugestão para o Imperador Dom Pedro II em junho de 1855. Um ano depois foi fundado o Imperial Instituto de Surdos Mudos, atual Instituto Nacional de Educação de Surdos. A experiência prévia de Huet como diretor do Instituto dos Surdos-Mudos de Bourges (França) credenciou-lhe para “traduzir” suas habilidades para uma realidade diferente da sua original. Sua primeira proposta educacional, no Brasil, incluía as disciplinas de Língua Portuguesa, Aritmética, Geografia, História do Brasil, Escrituração Mercantil, Linguagem Articulada, Doutrina Cristã e Leitura sobre os Lábios. Huet ainda foi professor deste tipo de educação especial no México, depois de sair do nosso país.

Uma curiosidade aconteceu em 1880, quando um Congresso Mundial de Professores Surdos decidiu que a melhor forma para a educação deste grupo era sem o uso de sinais – mesmo com este estilo se consolidando em diversos pontos do mundo naquela altura. Em 1896 a medida foi revogada no Brasil, e o século XX viu crescer o desenvolvimento nessa área, com avanços nos estudos, metodologias e linguagens, bem como a propagação de diversas discussões sobre o assunto.

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