A conquista de direitos por parte das pessoas com deficiência decorre de lutas históricas, de muitos debates e ações distintas. E o Brasil tem o papel de pioneiro na educação, nessa área, dentre os países da América Latina.
No século XIX, a cegueira e a surdez eram as únicas formas de deficiência passíveis de ações do Estado Brasileiro, que visava desde então a capacitação e qualificação para o trabalho. Dessa forma, com o país ainda sob o poder de Dom Pedro II, em 1854, foi criado o Imperial Instituto dos Meninos Cegos (atual Instituto Benjamin Constant). E, dois anos depois, foi fundado o Imperial Instituto dos Surdos-Mudos (hoje Instituto Nacional de Educação de Surdos). As instituições dedicaram-se, desde o princípio, a incluir os portadores destes dois tipos de deficiência nas atividades consideradas normais pelo ensino de letras, ciências, religião e ofícios manuais, aos moldes de internatos tradicionais, mas com profissionais voltados às especificidades de seus públicos.
Imperial Instituto dos Meninos Cegos
O Imperial Instituto dos Meninos Cegos teve como modelo o Instituto de Meninos Cegos de Paris, que contava com métodos considerados avançados de ensino na época. Foi criado por decreto de Dom Pedro II, e inaugurado em 17 de setembro de 1854. Compareceram ao evento o Imperador, a Imperatriz e todo o seu ministério. O instituto passou por algumas reformas e, em 1891, mudou de nome para Instituto Benjamin Constant, em homenagem ao seu terceiro diretor. Hoje continua sendo referência nacional na questão da deficiência visual, com atividades de capacitação e reabilitação.
Imperial Instituto dos Surdos-Mudos
Já o Imperial Instituto dos Surdos-Mudos foi fundado em 1856 por iniciativa do professor surdo francês E. Huet. Por aproximadamente um ano o instituto foi financiado por doações, mas aí então o Estado assumiu-o. No primeiro ano, apenas três pessoas foram atendidas pela organização, mas com o tempo seu trabalho foi expandido. Sua atuação tornou-se cada vez mais ampla, e a casa passou a receber alunos de outros estados além do Rio de Janeiro, então capital do Império Brasileiro. O instituto ganhou mais força em 1896, depois de um período de adaptações e melhorias e, desde este ano, tornou-se referência na educação de surdos.